Arayara e Coesus começam a percorrer cidades do Maranhão na campanha contra o gás da morte

Mobilização visa impedir exploração de gás e petróleo por fracking – método altamente poluente e devastador, que causa danos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde da população, e pode prejudicar a economia local

Representantes da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (Coesus) – organização liderada pela Arayara, que reúne diversas entidades da sociedade civil – começaram, nessa segunda-feira (5/9), a percorrer os municípios do Maranhão, na campanha de mobilização e capacitação da população e poder público sobre as ameaças da exploração não convencional de petróleo e gás de xisto por fraturamento hidráulico ou fracking.

O trabalho começou por Matões – município de aproximadamente 34 mil habitantes (IBGE-2021), situado a cerca de 465 km ao Sul da capital São Luís. O primeiro dia da Campanha Não Fracking Brasil foi bastante movimentado. Pela manhã, a equipe da Coesus se reuniu com lideranças do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que reúne 4 mil associados, representando 237 comunidades agrícolas do município. Ainda pela manhã, foi realizada uma reunião com representantes do legislativo municipal. 

De acordo com Suelita Röcker, diretora de Educação e Projetos da Arayara e coordenadora de Engajamento e Comunidades da Coesus, tanto os agricultores como os vereadores mostraram-se sensibilizados e comprometidos a levar adiante as informações recebidas sobre o fracking e os riscos que essa exploração representa para o meio ambiente e às pessoas. Na parte da tarde, a equipe se reuniu com representantes da Câmara de Vereadores e do executivo, na sede da prefeitura.

Uma ação de sensibilização e capacitação de alunos e professores do ensino médio, da Escola Estadual Eugênio de Barros, encerrou as atividades do primeiro dia da campanha no Maranhão. Cerca de 100 estudantes – a maioria de famílias de pequenos produtores rurais – acompanharam a palestra.

Ao longo desta semana, a equipe da Coesus irá passar por municípios vizinhos a Matões, dando continuidade à mobilização de moradores e poder público.

Não ao fracking

A proposta da Coesus é disseminar informações sobre o fracking entre moradores e autoridades locais para que os municípios consolidem suas próprias leis, restringindo a atividade exploratória em seus territórios. O trabalho irá se concentrar, inicialmente, em 64 municípios maranhenses, onde a indústria petrolífera mapeou potenciais áreas para exploração. A maioria desses municípios tem sua economia baseada na agricultura e no turismo – atividades que poderiam ser fortemente impactadas pelo fracking.

Há comprovação técnica e científica do potencial poluidor do método usado pela indústria petrolífera em outros países. Além do grande volume de água para perfurar poços com mais de 3 quilômetros de profundidade, a atividade emprega inúmeros produtos químicos compostos de metais pesados e radioativos, que causam a poluição da água, solo e ar, e provocam doenças graves, inclusive fatais, nos seres humanos e animais.

“O fracking é uma ameaça ao futuro do Brasil e um retrocesso em termos de justiça social e justiça ambiental” advertiu Suelita Röcker, coordenadora de Engajamento e Comunidades da Coesus. “Esse é o alerta que trazemos para o Maranhão para que a população tenha conhecimento das consequências graves que esse tipo de exploração pode gerar ao município e tenha o direito de optar por alternativas sustentáveis, considerando a vocação do Maranhão para fontes limpas e renováveis de energia”, reforçou a especialista em sustentabilidade.

De acordo com levantamento da Coesus, o fracking representa uma ameaça para 754 municípios de 17 estados brasileiros, que são alvo da indústria petrolífera para a exploração de petróleo e gás de xisto. A população dessas áreas soma cerca de 54 milhões de habitantes.

10 anos da Campanha Não Fracking Brasil

A Campanha Não Fracking Brasil, que foi idealizada pelo Instituto Internacional Arayara e ao longo dos anos veio ganhando a adesão de outras instituições da sociedade civil e do meio acadêmico, técnico e científico (hoje integrantes da Coesus), completa 10 anos de mobilizações e conquistas. Até agora, 415 municípios brasileiros aprovaram leis restringindo a atividade de fracking e 2 estados – Paraná e Santa Catarina – já dispõem de proibições estaduais à exploração não convencional de gás e petróleo de xisto, a partir de fraturamento hidráulico. Outros estados trilham o mesmo caminho, com projetos de lei em tramitação.

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