Visão do The Guardian sobre o fracking: Deixar no chão

Protesto contra o fracking em Balcombe Foto: Robin Webster

O jornal The Guardian publicou recentemente um editorial em que se posiciona sobre o fracking. Segundo um dos mais conceituados jornais britânicos, os benefícios desta forma de exploração são incertos e limitados: “Grandes investimentos num combustível limitado parecem não ter nenhum senso mercadológico”.

Conteúdo traduzido:

Alguns anos atrás, o fracking – extração subterrânea para retirar gás de rochas- era anunciado como a revolução da produção energética britânica, assim como transformou os Estados Unidos. Sob o governo de David Cameron e George Osborne, a expectativa era produzir o combustível que construiria uma ponte do passado do alto carbono para o futuro do baixo carbono. Apenas 18 meses depois, os dois grandes líderes políticos da geração deles saíram de cena, e a perspectiva do fracking se tornou incerta.

Agora empresas preparam-se para o ano do “ou vai, ou racha”. Na última terça-feira, a empresa Cuadrilla ganhou permissão do conselho geral de West Sussex para procurar petróleo na área de Balcombe, onde cinco anos atrás manifestantes locais derrotaram os esforços da empresa para explorar a existência de petróleo. Cuadrilla pode insistir em negar interesse no fracking. Mas manifestantes organizados não acreditam na empresa e parece não ser sábio cantar vitória antes da hora.

Outra das quatro grandes empresas de fracking, a Ineos, também tem despertado antagonismo, depois de um pedido de liberdade de informação ter revelado há poucos dias que, que enquanto negava  interesse em explorar gás embaixo das sensíveis áreas a Floresta Sherwood, na verdade tinha conseguido uma permissão para realizar isso. Também anunciou entrar com recurso judicial contra a decisão da Escócia de banir o fracking.

Enquanto isso, o Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial  possivelmente  autorizar o fracking pela empresa de petróleo e gás Third Energy, em North Yorkshire. Seria o primeiro poço a ser perfurado no Reino Unido desde 2011. Também seria uma aposta. Depois do ativismo dos anos de Cameron-Osborne, a primeira ministra Theresa May não tem mostrado interesse. Aboliu o departamento de mudanças climáticas, além de parecer mais preocupada com energia barata do que com energia limpa.

Em  outubro do ano passado, o plano de estratégia Clean Growth deixou de mencionar o fracking. Além do mais,  a Inglaterra se comprometeu com grandes cortes em suas emissões de carbono até 2030 – 57% de redução, até o nível de 1990. O papel do gás de xisto precisa de explicações. Há chances de que, o que era pra ser um substituto eficaz no caminho das energias de baixo carbono, esteja fadado apenas a garantir lucro aos grandes investimentos já feitos.

A cada mês que passa, a vantagem de deixar o gás no chão, junto ao carvão e ao petróleo, ganha força. Em colunas publicadas pelo jornal em  Dezembro, a Primeira Ministra britânica enfatizou seu compromisso em combater as mudanças climáticas (…) Eleitores se importam com políticas ambientais. E ela deve ser clara quanto ao fracking.

 

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  • Estudos de impactos ambientais e sociais provocados por atividades relacionadas a extração de petróleo devem ser realizados antes da concessão da licença ambiental. Eles servem para avaliar as dimensões de um eventual acidente cujos danos demorarão décadas para serem reparados pela natureza e pelo homem. Os moradores da região que seria afetada por um possível acidente operacional devem cobrar o direito de serem consultados sobre as vantagens e as desvantagens de se conceder licença de operação a um empreendimento que coloque em risco o meio ambiente e a economia do local. No Peru, moradores das margens do rio Cuninico, que se junta ao Marañón, um dos maiores afluentes do Amazonas, estão privados de água potável devido a vazamentos de um oleoduto construído na década de 1970, que contaminaram as águas utilizadas pela população para beber e pescar. No México, no ano de 2010, um acidente ocorrido na plataforma Deepwater Horizon, que extraia petróleo das águas do Golfo do México, derramou 5 milhões de barris de petróleo no mar, escurecendo areias, tornando as águas do mar impróprias para banho e deixando o pescado inadequado para consumo humano. O óleo se espalhou por mais de 1.500 km no litoral norte-americano, poluindo a água e matando milhares de animais. Os efeitos do vazamento estão presentes até hoje e compostos químicos do petróleo são encontrados em animais, inclusive, em ovos de pássaros que se alimentam na região. Há também impactos socioeconômicos como a perda de dezenas de bilhões de dólares das indústrias da pesca e do turismo na costa sul dos Estados Unidos. O link abaixo mostra as consequências de um acidente ocorrido durante uma operação de extração de petróleo:
    https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/desastre-ambiental-consequencias-do-vazamento-de-petroleo-no-golfo-do-mexico.htm
    https://es.mongabay.com/2017/07/derrames-petroleo-la-amazonia-peruana-una-herida-sigue-abierta/

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