Vendido como promessa, etanol de 2.ª geração trava em falta de apoio e pesquisa

Unidade produtora de etanol celulósico da Granbio: superação de desafios para o produto se consolidar no país já começou. Foto: Granbio
Unidade produtora de etanol celulósico da Granbio: superação de desafios para o produto se consolidar no país já começou. Foto: Granbio

E2G tem como diferencial o fato de que sua produção pode ocorrer a partir de uma gama maior de biomassas

                                                           Claudia Guadagnin, especial para a Gazeta do Povo

 

Passada uma década desde as primeiras pesquisas com o etanol de segunda geração (E2G), a euforia em torno do biocombustível não se concretizou no Brasil.

O E2G tem como diferencial o fato de que sua produção pode ocorrer a partir de uma gama maior de biomassas. Por meio da decomposição da lignina (macromolécula) das plantas por enzimas combinadas industrialmente, pode ser fabricado a partir do bagaço da cana já utilizada na produção do etanol tradicional, mas também de madeiras, palhas de cana e milho, cascas de soja e até gramíneas ou partes não comestíveis de plantas.

Para se ter uma ideia, o novo composto (também chamado de celulósico) poderia aumentar em 50% a produção do biocombustível no país. Suas possibilidades de uso são idênticas às do biocombustível tradicional – de maquiagens à gasolina.

Algumas dificuldades, no entanto, atrasam o desenvolvimento e o ganho de escala do E2G: necessidade de aprimoramento tecnológico, custos elevados da produção e carência de apoio público nacional.

Projeções da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) indicam que o Brasil tem potencial para produzir, pelo menos, 10 bilhões de litros de etanol de segunda geração até 2025. Segundo a instituição, a capacidade instalada do país atualmente para a produção de E2G é de 177,3 milhões de litros.

Mas o alto custo da tecnologia que faz a quebra da lignina ainda dificulta o alcance da marca. Hoje, apenas duas empresas – Granbio e Raízen – têm usinas de etanol celulósico em funcionamento no Brasil.

“A etapa de pré-tratamento, que transforma os polissacarídeos da biomassa escolhida em açúcares simples, como os do etanol de primeira geração, exige pesquisa e é em torno de 30% mais cara. A enzima responsável pela decomposição da lignina é o insumo que mais custa”, explica Patrícia Raquel Silva, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Florestas.

A instituição trabalha desde 2008 no desenvolvimento do E2G a partir da madeira e outros resíduos florestais, como lodos gerados nas estações de tratamento da indústria de papel e celulose. A entidade quer ofertar a tecnologia às empresas, mas ainda lida com certa insegurança das companhias, receosas em aportar os recursos necessários para dominar o conhecimento.

Pesquisas estimam que, desde 2000, o desenvolvimento tecnológico do E2G já reduziu o preço do produto em 15%. “Para que os custos da produção diminuam, é necessário incentivar a pesquisa e baratear a produção. Políticas públicas que estimulem a fabricação do composto por aqui são fundamentais”, diz Patrícia.

*Retirado do site Gazeta do Povo. Leia reportagem completa: 
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/vendido-como-promessa-etanol-de-2-geracao-trava-em-falta-de-apoio-e-pesquisa-02dj0qhosy5x6rih5hf147bfr

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