Nicole C. Deziel, Ph.D., é professora assistente do Department of Environmental Health Sciences (Departamento de Ciências da Saúde Ambiental), da Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos. Sua pesquisa aborda a exposição de toxinas ambientais, o papel que elas podem ter no surgimento de doenças humanas, incluindo as voltadas à saúde da mulher e da criança. Já pesquisou acerca de diversos poluentes, pesticidas, poluentes orgânicos persistentes e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Seu trabalho também aborda o fraturamento hidráulico, o fracking, e como o despejo dos químicos usados no processo, tanto pelo ar ou água, podem afetar negativamente comunidades locais.
Confira trechos da entrevista que a professora-doutora concedeu à instituição:
Muitas de suas pesquisas tratam de possíveis consequências associadas ao fraturamento hidráulico, o fracking. Você pode falar sobre o que é fracking?
ND: Fraturamento hidráulico e fracking são termos usados para descrever um projeto não convencional de exploração de petróleo e gás. Trata-se de um processo complexo de extração de combustíveis de fósseis em profundas formações rochosas (…)
O quão aceito é o fracking nos Estados Unidos?
ND: O fraturamento hidráulico acontece em pelo menos 25 estados. Aproximadamente, 300.000 poços foram perfurados e usados desde 2000. Estima-se que 10 milhões de pessoas vivamm num raio de mil metros de um poço de gás e petróleo, que os colocam em contato com os químicos lançados no ar e na água.
Qual o número exato de elementos químicos usados no fracking e quais são os que causam mais preocupação?
ND: Há mais de mil elementos químicos produzidos ou emitidos pelo fracking (…)Nossa pesquisa demonstrou que os elementos químicos usados ou emitidos por um projeto não convencional, contém materiais conhecidos ou suspeitos de serem tóxicos e cancerígenos. Além disso, esses compostos são lançados no ar e na água, aumentando exponencialmente o risco de exposição dessas comunidades.
E quais são os potenciais efeitos à saúde humana associados à exposição destes químicos?
ND: As evidências atuais ainda são inconclusivas, mas uma série de estudos sobre saúde humana e o desenvolvimento dos não convencionais, observa um aumento nefasto de partos prematuros; agravamento de casos de asma; casos de irritações na pele; aumento nas taxas de hospitalização; sintomas nasais, de dores de cabeça e e fadiga; e crescimento dos casos de leucemia infantil.
Então, as crianças se encontram em risco?
ND: Por apresentarem uma diferente exposição e padrões de atividade, além de suas diferenças fisiológicas, as crianças estão mais suscetíveis que os adultos a serem afetadas por esses riscos ambientais. Relativamente aos seus corpos, crianças respiram e bebem mais que os adultos, portanto, o ar ou a água contaminada faz com que eles ingiram uma grande dose de veneno. Além de que seu sistema imunológico é menos desenvolvido. Além disso, eles ainda vão ser prejudicados durante a fase de crescimento, quando os órgãos e sistemas passam por diferenciação e maturação.
Quais são as doenças específicas associadas ao fracking que podem afetar os mais novos?
ND: Foram observadas em mães que residiam em áreas próximas à exploração de petróleo e gás, aumento de bebês prematuros, nascimentos de crianças abaixo do peso e más formações congênitas . Mais estudos precisam ser realizados para que esses efeitos sejam comprovadamente relacionados ao fraturamento hidráulico.
Há alguma evidência de que a exposição ao fracking está associada com casos de leucemia?
ND: É possível que a proximidade a esses locais aumente o risco de desenvolver leucemia em crianças, segundo muitas linhas de pesquisa. Nós identificámos 55 substâncias conhecidas, prováveis ou possiveis de ser cancerígenas (20 delas associadas com leucemia e linfoma) que são poluentes atmosféricos e aquáticos ligados ao desenvolvimento do fracking. Nossa pesquisa fornece algumas evidências à hipótese de que a exposição nos ambientes de exploração de não convencionais pode aumentar os casos de leucemia. Um novo estudo feito por pesquisadores do Colorado, observou quase três vezes mais casos de crianças com a forma mais comum de leucemia em regiões de alta exploração de petróleo e gás. Ainda mais, o aumento do fluxo de trabalhadores da indústria fóssil e de suas famílias para zonas rurais que vivenciam o boom energético pode introduzir novos agentes infecciosos, que podem também causar leucemia. Por causa dessa fragilidade das crianças, os esforços científicos devem ser direcionados para uma pesquisa, ainda mais aprofundada, que avalie a relação entre os projetos de exploração não convencional de gás ao aumento do risco de leucemia infantil.
Uma vez que o fracking ocorre a uma grande profundidade, como as pessoas entram em contato com os produtos químicos potencialmente tóxicos?
ND: as operações de perfuração podem contaminar as fontes de água potável através de vários mecanismos (…) vazamentos de poços deteriorados ou incorretamente construídos; derrames e vazamentos de fluidos de fratura hidráulica e águas residuais; armazenamento e tratamento inadequados de águas residuais; e a passagem de produtos químicos de fraturas para aquíferos rasos. Um estudo recente descobriu que havia 6.622 derramamentos relatados, associados a 21.300 poços não convencionais de 2005 a 2014 no Colorado, no Novo México, Dakota do Norte e Pensilvânia.
As atividades de exploração não convencional que podem gerar poluição do ar incluem a operação de equipamentos a diesel; uso de veículos para transportar materiais e resíduos de e para o poço; adição de areia (sílica) à mistura de fluido de fraturação; volatilização de compostos de águas residuais; processamento e distribuição de petróleo e gás; e queima de gás (…)
Existe alguma coisa que as famílias que vivem na proximidade de uma área de fracking possam fazer para protegerem a si e a saúde de seus filhos?
ND: é difícil fazer recomendações específicas devido aos dados limitados disponíveis sobre o potencial de aumento da exposição a substâncias químicas nocivas. Se as pessoas estão preocupadas com o seu ar ou água, elas devem entrar em contato com as autoridades estaduais ou federais e testar a água. Se eles notarem mudanças em suas águas, eles devem substituir por água engarrafada.
Confira a entrevista original (em inglês): http://publichealth.yale.edu/news/article.aspx?id=16576
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En la ciudad de Allen, Rio Negro , Argentina, son 7 casos confirmados y otros que los ocultan, es en niños de entre 2 y 7 años y que se produce el Fracking en esta ciudad es de 8 años.