ONU aponta necessidade da Argentina rever a utilização do fraturamento hidráulico
Mesmo após o lançamento do informe da ONU, a Argentina presencia um dos maiores desastres ambientais do país
O Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) é enfático quanto a necessidade do país de rever a utilização do fracking. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), há preocupação do país não conseguir cumprir as metas impostas no Acordo de Paris e um dos grandes culpados é a produção massiva de gás e petróleo por meio do método não convencional – também conhecido como fracking, realizado em Vaca Muerta.
A utilização do fraturamento hidráulico não apenas corresponde a infração de diminuir emissões de gases do efeito estufa estabelecidas, mas também atrapalha direitos econômicos e sociais relacionados à população e futuras gerações. O UNCTAD aconselha que a Argentina comece a incentivar a criação de energias limpas, eficientes e renováveis, a fim de que o país cumpra metas para alcançar uma agenda mais sustentável.
“A exploração em Vaca Muerta afeta várias esferas da sociedade argentina. No setor econômico, subsídios injustificados pelas petroleiras que poderiam ser realocados em outros setores. No setor produtivo, destruição das áreas de produção de alimento. No social, milhares de famílias desalojadas causadas pela desertificação de seus territórios. E na área institucional, fica a imagem de um governo corrupto que contribui com as mudanças climáticas” comentou o coordenador da Coalizão Não Fracking Argentina pelo Clima, Água e Vida (COESUS), Ignacio Zavaleta.
Muitas recomendações feitas pelo Comitê de Direito Econômico, Social e Cultural são totalmente contrárias às atuais intenções do governo de Maurício Macri. Em Setembro, em um evento de lobistas da indústria petroleira, o secretário do Ministério da Energia, Javier Iguacel declarou planos de exportar o gás obtido por meio das plataformas de fracking em Vaca Muerta, graças ao excedente de produção de gás.
“A falácia em torno dos ocorridos em Vaca Muerta fez com que muitos governos argentinos enxergarem o fracking como única fonte de renda e energia, colocando as outras opções para debaixo do tapete. Se pegarmos de exemplo lugares considerados ótimos ambientes para desenvolvimento do fracking, os dados relacionados ao desemprego são alarmantes e muitas vezes ocultados pelas petroleiras, revelando a real face da indústria fóssil”, explica Zavaleta.
Os planos não param nos empreendimentos não convencionais. Espera-se que a produção de petróleo duplique até 2019 – chegando a produzir um milhão de barris por dia. De acordo com Iguacel, as empresas ainda terão 30 anos para explorar na região, sem nenhuma restrição ambiental por parte do governo austral. “Desde Cristina Kirchner, o governo argentino tem andado de mão dadas com as petroleiras. O acordo realizado com a Chevron – ocultado pelo governo Kirchner e também pelo governo de Macri – justamente por apresentar várias medidas ilegais, escancarou favorecimentos na exploração em Vaca Muerta à empresa americana. Casos como este representam bem as amarras constituídas entre o país e o lobby petrolífero”, complementa o coordenador.
Derramamento de petróleo
Depois do lançamento do informe da ONU, a região de Allen, na província de Rio Negro, foi severamente atingida por um grande derrame de petróleo. O desastre aconteceu enquanto perfuravam o poço de Barrundia Sur, controlado pela estatal YPF e a alemã Schlumberger Limited, durante quase três dias, liberou enormes quantidades de petróleo e gás metano.
“Tudo indica que o desastre tenha sido causado por negligência dos operadores. O que ocorreu em Barrundia Sur é conhecido como blow out, termo que é usado quando um fluxo descontrolado de hidrocarbonetos vai até a superfície. Geralmente, estas complicações estão relacionadas com problemas no controle de pressão no momento de perfuração do poço”, afirma Zavaleta.
Diante do ocultamento do governo argentino em reportar o acontecido, vídeos e imagens feitos por moradores mostraram o desastre ambiental. Fontes ligadas à YPF relatam que apenas 40 hectares de terra foram atingidos pelo derramamento de óleo. Já a Fundação de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Argentina (FARN) e outras entidades ambientais comentam que 80 hectares – o equivalente à 10 campos de futebol – foram atingidos com o pelo petróleo.
“O governo, junto a YPF e seus parceiros, se apresentam como fontes oficiais quando tratam deste assunto. Dizem que tomam medidas prévias, de cuidado com meio ambiente e de segurança de trabalho. Porém o que acontece é o contrário. Infelizmente, desastres ambientais desta magnitude são recorrentes: fuga de gases metano à atmosfera, vazamento de águas utilizadas no processo do fracking, falhas geológicas causadas pelas perfurações. Esses são apenas alguns exemplos de desastres ocultados pelas fontes consideradas oficiais”, finaliza o coordenador da COESUS.
Sobre o método
O fracking, ou fraturamento hidráulico, consiste no método de perfuração horizontal e vertical para extrair energia do folhelho pirobetuminoso. No processo de extração, é injetado um coquetel de água, areia e mais de 600 substâncias químicas, com potencial cancerígeno, forçando a pedra a liberar o gás metano preso nela. A forma de produzir energia é amplamente criticada pelo pouco tempo de atividade dos poços – cerca de cinco anos – e alto risco de afetar o meio ambiente, visto que, com o tempo, o gás metano produzido sobe à superfície, causando danos irreversíveis ao solo e aos aquíferos subterrâneos.
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Não unidade nestes assuntos, enquanto ONGs e Sociedade Civil tentar divulgar e combater estas estratégias, que beneficiam somente a grandes grupos, dá a entender que é uma luta desigual, aproveitando dos índices de corrupção em nosso continente, governos submissos a empresários mal intencionados, tratando nosso continente e seu povo já sofrido pelos séculos de exploração, a mais um método de domínio e sequestro das nossas riquezas, o que fazer para combater e dialogar com estas empresas ? Mudança de atitude e educação de nosso povo, políticos honestos e planejamento regional, o que é bom para o Brasil pode ser bom p Argentina, Paraguai, Uruguai e vice-versa…não podemos nos dividir, temos que tirar este continente deste ciclo vicioso de exploração…