A Formação de Xisto Marcellus transformou a Bacia Appalache em um rolo compressor. Mesmo em meio de uma redução das atividades de perfuração, a média de produção regional diária retira gás natural suficiente para prover energia a mais de 200.000 casas estadunidenses durante um ano.
Mas o aumento dos fraturamentos hidráulicos ao longo da última década criou também outro crescimento acentuado: o de toneladas de materiais radioativos, chamado pelos experts de corrente de lixo “órfã”. Nenhuma agência federal regula completamente os produtos do petróleo e gás – que incluem água salgada, lodo, rochas e equipamentos sujos – deixando o rastreamento e o manejo aos estados, que parecem estar relutantes em alienar interesses energéticos.
“Ninguém pode dizer o quanto de lixo está sendo produzido, o quê é este lixo e onde ele vai parar”, diz Nadia Steinzor do grupo ambiental Earthworks, coautora de um relatório sobre o lixo do xisto. [Earthworks recebeu financeamento do The Heinz Endowments, assim como o Centro de Integridade Pública.]
O grupo está entre os vários que estão processando a Agência de Proteção Ambiental dos EUA para que ela regule o lixo das perfurações sob um sistema federal que localize materiais perigosos, desde sua criação até o descarte final. A Agência se negou a comentar sobre o processo judicial, mas está programada para apresentar uma resposta na corte pelo começo de julho.
Geólogos sabem há tempos que sólidos e rochas contém materiais radioativos que ocorrem naturalmente e podem se concentrar por meio de atividades como o Fracking, método em que areia e produtos químicos são bombeados milhares de metros abaixo da superfície para liberar petróleo e gás da rocha sólida. Mas preocupações sobre o Fracking, em grande parte, estão focadas nos poços de injeções e na atividade sísmica, com menor atenção voltada ao lixo “quente” que chega aos aterros e que aciona alarmes referentes à radiação.
Uma análise feita pelo Centro para Integridade Pública mostra que os estados estão tendo dificuldades com esta corrente de lixo, dependendo em grande parte da indústria para obter relatórios e se autorregular. Os estados têm também sido lentos em avaliar e frear os riscos da exposição ao lixo, que apresenta potencial de se manter radioativo por milênios. Exposição excessiva à radiação pode aumentar riscos de câncer; o gás radão, por exemplo, tem sido associado ao câncer de pulmão.
Os quatro estados em Marcellus estão tendo abordagens diferentes quanto ao problema; nenhum tem a situação sob controle. A Pensilvânia tem, cada vez mais, restringido o descarte do lixo das perfurações, enquanto a Virgínia Ocidental permite que alguns aterros recebam quantidades ilimitadas. Ohio ainda tem de formalizar regras quanto ao descarte, apesar de ter começado esse processo em 2013. Nova York, que baniu o fracking, aceita o lixo, com pouca fiscalização.
As inconsistências aumentaram as preocupações entre reguladores e ativistas de que o lixo esteja sendo “vendido por aí”, por empresas que buscam o caminho da menor resistência, ou reutilizado de forma insegura. Em março, o procurador-geral de Kentucky abriu uma investigação em dois aterros que ele alega terem aceito, de maneira ilegal, lixo radioativo do Fracking, vindo da Virgínia Ocidentalde. Uma investigação separada está em processo no Gabinete de Kentucky para Saúde e Serviços Familiares, onde oficiais trocaram emails sobre se os trabalhadores dos aterros e alunos de escolas teriam sido expostos a níveis perigosos de radiação.
Bill Kennedy, um expert em radiação na empresa de consultoria Dade Moeller, chamou o lixo radioativo das perfurações de “praticamente não regulamentado” e disse que padrões consistentes são necessários para “proteger trabalhadores, o público em geral, e o meio ambiente.”
Kennedy é copresidente de um comitê que trabalha com reguladores e a indústria, desenvolvendo orientações e recomendações para os estados. “Não se pode confiar na indústria para fazer isso sozinha e se autorregulamentar,” diz ele.
Embora a radiação emitida pelo lixo do Fracking possa parecer não tão danosa em comparação com o lixo de usinas nucleares, Steinzor disse que reguladores não sabem quais são os impactos cumulativos desse lixo nos aterros ao longo do tempo. “Tem havido um grande impulso para se expandir a indústria e perfurar tanto quanto possível”, ela disse. “Ninguém teve o desejo ou vontade política para frear a indústria por tempo suficiente para que possamos nos dar conta de quais são os verdadeiros riscos”.
Este texto foi produzido em parceria com o Centro para Integridade Pública, uma organização não partidária, sem fins lucrativos, com fins investigativos e jornalísticos.
Traduzido a partir do artigo: http://ecowatch.com/2016/06/26/states-radioactive-fracking-waste/
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