Fracking no Campo Petrolífero de Bakken é Amplamente Responsável por Aumento Global de Etano

 

O campo de petróleo de xisto de Bakken é amplamente responsável pela maior parte de um misterioso aumento no etano presente na atmosfera – um poluente que pode prejudicar a saúde humana e aumentar o calor atmosférico – foi o que revelou uma pesquisa lançada semana passada

 

O Bakken, que se estende da Dakota do Norte até Montana no Canadá, tem feito manchetes na última década por causa do aumento repentino do fracking na região (e uma igualmente repentina falência no mercado de trabalho enquanto o preço do petróleo caiu ao longo do último ano).

 

Marc Silver - The Filmmaker Fund

 

Mas enquanto o “boom” no fraturamento fez da Dakota do Norte o segundo maior estado produtor de petróleo dos Estados Unidos, a quantidade de hidrocarbonetos vazando e sendo deliberadamente jogada na atmosfera do campo de petróleo pode ter sido suficiente para alterar a composição da atmosfera da Terra superficialmente, revertendo um declínio nos níveis mundiais de etano que já se estendia há um longo período de tempo.

Bakken por si só é responsável por 2% do etano emitido na atmosfera no mundo todo, concluiu a pesquisa publicada recentemente.

“2% pode não parecer muito, mas as emissões observadas apenas nesta região são de 10 a 100 vezes maiores do que o que foi relatado em inventários”, Eric Kort, um Professor Assistente de Clima e Ciências Espaciais na Universidade de Michigan e Engenheiro e que teve papel de liderança no estudo, disse em uma declaração.

“Elas impactam diretamente a qualidade do ar em toda a Dakota do Norte”, disse ele. “E são suficientes para explicar muito da mudança global em níveis de concentração de etano”.

Etano é o segundo hidrocarboneto mais comum na atmosfera e ajuda a formar a camada de ozônio, um gás que a nível do solo é geralmente chamado de poluição, com uma névoa notória que pode causar problemas respiratórios e danificar plantações.

Essa névoa tem sido durante bastante tempo associada ao fracking devido às emissões de outros poluentes – componentes orgânicos voláteis – sendo parte da razão de áreas remotas em Utah terem sofrido recentemente de uma camada de névoa sufocante em níveis maiores do que aqueles encontrados em um dia de verão uma estrada bastante movimentada de Los Angeles. Mas o papel do Etano em problemas com a fumaça e bem menos discutido.

O etano também contribui com a alteração climática de três formas: como um gás do efeito estufa (embora tenha uma curta duração na atmosfera o que torna seus efeitos mais amenos), estendendo a vida útil do poderoso gás do efeito estufa metano (por que este consume componentes que ajudam a quebrar o metano) e por que ele ajuda a formar névoa, que os pesquisadores descreveram como “o terceiro maior contribuinte no aquecimento global causado pelo ser humano depois do dióxido de carbono e do metano”.

Acontece que o gás de Bakken é, de maneira incomum, rico em etano –  algumas vezes representado tanto quanto metade do gás natural produzido do xisto, enquanto que o gás natural é comumente feito de 90% de metano, concluíram os cientistas.

Durante 12 dias em Maio de 2014, os pesquisadores voaram em um pequeno avião bimotor, um do tipo usado usualmente por paraquedistas, sobre o campo de petróleo de Bakken, medindo a composição da atmosfera da região.

Cientistas da Universidade de Michigan, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (National Oceanic & Atmospheric Administration, NOAA), Instituto NASA Goddard para Estudos Espaciais, Universidade da Columbia, Universidade de Stanford e Universiade de Harvard, contribuíram para a pesquisa lançada recentemente, que foi fundada primeiramente pela NOAA e a NASA.

“Nós estávamos interessados em entender os impactos atmosféricos de alguns destes campos de gás e petróleo nos Estados Unidos – particularmente campos de petróelo e gás que tiveram muitas expansões de suas atividades na última década”, disse Kort ao the Washington Post.

A equipe mediu níveis de metano, dióxido de carbono, ozônio e uma variedade de outras substâncias.

Mas foram os níveis de etano que os pegaram de surpresa. O campo de Bakken estava emitindo cerca de 250,000 toneladas de etano por ano.

“Nós não esperávamos que um único campo de petróleo estivesse afetando os níveis globais deste gás”, disse o coautor Colm Sweeney, um cientista do Instituto Cooperativo de Pesquisas e Ciências Ambientais na Universidade do Colorado Boulder e NOAA.

De 1984 a 2009, os níveis de etano no ar que nós respiramos apresentaram queda e os cientistas concluíram que isso se devia provavelmente ao fato de que as refinarias e campos de petróleo estavam liberando menos gás natural e tinham feito algum progresso em conter vazamentos. Mas em 2010, uma estação de pesquisa da Europa noticiou em primeira mão que os níveis de etano haviam subido – e desde aquele ano, os níveis passaram a aumentar ao invés de cair.

“Estas descobertas não apenas resolvem um mistério atmosférico – de onde o metano extra estava vindo – mas também nos ajudam a compreender como atividades regionais podem ter impactos globais em certos casos”, disse Sweeney, adicionando que outros campos de xisto e petróleo como as bacias de Eagle Ford e Permian no Texas podem também estar contribuindo para a reversão nos níveis.

Outros cientistas confirmaram a interpretação dos dados. “Eles basicamente mostraram que um único campo de xisto pode ser o responsável pela maior parte do aumento nos níveis de etano que você viu ano passado”, contou Christian Frakenberg, um professor de ciência ambiental e engenharia no Instituto de Tecnologia da Califórnia e pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, ao The Independent.

Enquanto os pesquisadores se focaram amplamente no que chamaram de “papel desproporcionado que tem a região de Bakken, que representa apenas 2% da produção de gás de xisto dos Estados Unidos em maio de 2014 e ainda assim emite 1-3% do total de emissões globais de etano”, eles também apontaram que outras pesquisas reportaram níveis ainda mais altos de etano perto de outros locais do gás de xisto, como a Marcellus Shale na parte leste dos Estados Unidos.

Em parte, a pesquisa demonstra alguns dos impactos inesperados que o incomodo do fracking teve na atmosfera, levantando questões sobre a habilidade dos fiscais em policiar uma indústria cujos impactos continuam a surpreender cientistas desde uma década de avanço do fracking.

“Muito da atenção estava voltada para o metano vindo das emissões do gás de xisto”, concluíram os pesquisadores. “Este trabalho demonstra que nós devemos também considerar o impacto dos vazamentos de etano nas emissões, [especialmente em áreas como a de Bakken].”

 

Fonte: EcoWatch

Tradução de Wellerson Nunes

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