O que é fracking?

O que é fracking?

O fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, é uma técnica utilizada para realizar perfurações de até mais de 3,2 mil metros de profundidade no solo para a extração de gás de xisto ou folhelho. A diferença entre essa técnica, considerada não-convencional, e a convencional é que ela consegue acessar as rochas sedimentares de folhelho no subsolo e, consequentemente, explorar reservatórios que antes eram impossíveis de ser atingidos.

Por meio da tubulação instalada nessas perfurações, é injetada uma grande quantidade de água em conjunto com solventes químicos comprimidos – alguns até mesmo com potencial cancerígeno. A grande pressão gerada por essa água provoca explosões que fragmentam a rocha.

Para que o buraco não se feche novamente, também é inserida uma quantia elevada de areia que, supostamente, evita que o terreno ceda e, ao mesmo tempo, por sua porosidade, permite a migração do gás a ser extraído. Esse processo pode criar novos caminhos para a liberação do gás ou pode ser usado para ampliar os canais já existentes.

No entanto, existem outras formas de fraturar poços para extração de gás xisto. Às vezes, as fraturas são criadas por gases injetáveis – tais como o propano ou nitrogênio – ou a acidificação ocorre simultaneamente ao fraturamento, envolvendo o bombeamento de ácido na formação, geralmente o clorídrico, para dissolver materiais da rocha, limpando os poros e permitindo que os gases e líquidos possam fluir mais facilmente para dentro do poço.

Alguns estudos mostram que mais de 90% de fluidos resultantes do fracking podem permanecer no subsolo. O flowback, fluído do fraturamento que retorna à superfície, normalmente armazenado em lagoas abertas ou tanques no local do poço, também causa impactos como a contaminação do solo, ar e lençóis de água subterrânea.

Confira o vídeo explicativo

Leilões

Em 2009, o governo brasileiro decidiu leiloar blocos para a extração do gás de xisto por meio do fracking e, desde 2013, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vem leiloando blocos para a implementação de técnica no Brasil, sem abrir consulta para a sociedade civil, comunidade científica ou setores produtivos. Esses blocos de exploração estão localizados sobre os principais aquíferos, entre eles Guarani, Parnaíba, Serra Geral, Bauru e São Francisco.

Para evitar que as empresas participantes, em sua maioria estrangeiras e envolvidas em casos de corrupção, iniciem a implantação da técnica, há cinco anos a campanha Não Fracking Brasil realiza uma série de ações – como campanhas informativas, palestras, oficinas, cursos, treinamentos e audiências públicas. Como resultado, mais de 380 cidades em diversos estados já proibiram o licenciamento ambiental para o fracking.

Danos Ambientais

Mudanças Climáticas

Além de distrair a indústria geradora de energia e o governo da necessidade do investimento em fontes renováveis de energia, o processo de exploração por meio do fracking emite metano — gás 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2), contribuindo cada vez mais para o agravamento das mudanças climáticas.
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Consumo de água

Cada poço de fracking utiliza aproximadamente de 7,8 a 15,1 milhões de litros de água. Geralmente, essa grande quantia é transportada para o local do fraturamento por vias terrestres, em caminhões movidos à diesel, representando um custo ambiental significativo – visto que vivemos em meio a uma crise hídrica. Em West Virginia (EUA), são injetados aproximadamente 19 milhões de litros de fluido em cada poço fraturado e, de toda a água utilizada, apenas 8% retorna à superfície.

Contaminação

A água utilizada no procedimento é misturada com areia e cerca de 150 mil litros de até 600 produtos químicos, incluindo substâncias cancerígenas e toxinas conhecidas, tais como urânio, mercúrio, metanol, rádio, ácido hidroclorídrico, formaldeído, entre outras. Esses produtos podem escapar e contaminar as águas subterrâneas em torno do local. Para se defender, a indústria sugere que os incidentes de poluição são resultados de má prática, em vez de se tratar de uma técnica inerentemente arriscada.
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Terremotos

O fracking provoca, habitualmente, microssismos que podem desencadear em tremores maiores, sentidos pelas populações locais. Por vezes, estes eventos são aproveitados para obter um registro vertical e horizontal da extensão da fratura. Embora esses terremotos sejam crônicos, a injeção de água proveniente das operações de fracking pode causar tremores maiores, tendo-se registrado magnitudes de até 5,7 (Mw).

Além disso, os sismos têm se tornado cada vez mais frequentes. Em 2018, por exemplo, a cidade de Lancashire (UK) apresentou 17 terremotos em apenas nove dias – fato ocorrido após a cidade ter retomado as atividades de fraturamento hidráulico. Entre janeiro de 2010 e maio de 2017, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) mediu 8.908 terremotos ocorridos no estado de Oklahoma, com uma média de 218 sismos por mês.

Ocupação de Terras

Outra consequência causada pelo fracking é o alto índice de ocupação de terras devido às plataformas de perfuração, áreas de estacionamento e manobra de caminhões, equipes, instalações de processamento e transporte de gás, bem como estradas de acesso, que em casos de poços na Amazônia, podem ser vetores do desmatamento.

Por esses e muitos outros motivos, a Coalizão Não Fracking Brasil está nesta luta ampliada contra o gás da morte, dedicando-se no desinvestimento do hidrocarboneto garantindo, portanto, que as mudanças climáticas não sejam ainda mais solidificadas.